A suplementação de Vitamina D pode prevenir a infecção por COVID-19?

Isabel Matos e Cristiane Oliveira

Professores da Universidade de Turim na Itália, publicaram o comunicado de imprensa “Possível papel preventivo e terapêutico da vitamina D na gestão da pandemia de COVID-19”. É importante destacar que esse material se trata de um compilado de trabalhos, com comparações e suposições sobre o tema, citando dados científicos e da disseminação geográfica da doença. Fazendo as devidas ressalvas, é preciso reconhecer que os argumentos são plausíveis e o tema merece atenção. Estudos anteriores observacionais e de suplementação relataram concentrações mais altas de 25 (OH) D associadas a risco reduzido de dengue, hepatite, herpesvírus, vírus da hepatite B e C, vírus da imunodeficiência humana, influenza, infecções por vírus sincicial respiratório e pneumonia.

Aumento das Infecções Virais

A maior prevalência de infecções virais ocorre no inverno, quando há redução das reservas corporais de vitamina D (conhecida moduladora da nossa imunidade) devido a menor insolação. Além disso, Itália, Espanha e Grécia são os países com maior prevalência de deficiência de vit.D e, coincidentemente, maiores taxas de infecção por coronavírus. Estudos demonstram que a hipovitaminose está relacionada com casos de pneumonia e aumento do risco de várias doenças crônicas, que poderiam aumentar a mortalidade dos pacientes contaminados pela COVID-19.

Os mecanismos descritos pelos quais a vitamina D reduz o risco de infecções são: manutenção das junções da barreira pulmonar; aumento da expressão de peptídeos antimicrobianos como catelicidina e beta-defensinas e regulação da atividade imunomoduladora.

Produção de Vitamina D

Entretanto, a deficiência de vitamina D é muito prevalente. Essa hipovitaminose D pode ser atribuída principalmente a fatores de estilo de vida (atividades ao ar livre reduzidas) e ambientais (poluição do ar) que reduzem a exposição à luz solar, necessária para a produção de vitamina D induzida por ultravioleta-B (UVB) na pele. Por isso, neste período de isolamento social é preciso que se estimule estratégias simples para aumentar a exposição ao sol, como tomar sol nas palmas das mãos em uma janela, caso não haja acesso a áreas livres. É aconselhável que se exponha áreas normalmente menos expostas para minimizar os riscos do sol para a pele.

O uso de suplementos deve ser feito apenas com orientação individualizada de médicos e nutricionistas, por se tratar de uma vitamina lipossolúvel e, portanto, cumulativa, com riscos de toxicidade.

Vitamina D vs. COVID-19

As evidências de estudos em pacientes com suporte ventilatório sugerem que a suplementação com vitamina D pode ser estratégia futura para o auxílio no tratamento do COVID19. Entretanto, mais estudos são necessários para determinar a dose e o momento da suplementação. Sugere-se que profissionais de saúde, principalmente atuantes na linha de frente da pandemia, tenham seus níveis sanguíneos monitorados e que façam suplementação em caso de deficiência.