Quarentena: Saiba como lidar com o medo

Nunca estivemos nos sentindo tão vulneráveis e expostos à emoções tão intensas e contraditórios como nas últimas semanas. Estarmos de quarentena parece que nos deixou a flor da pele, para todas as emoções. Estamos falando de alguns momentos estarmos bem, e de repente uma enxurrada de sentimentos nos invade, nos fazendo viver uma montanha russa diariamente.

Mas de fato, o medo tem sido um sentimento muito temido por todos nós! Medo de morrer, medo de que algum ente querido morra, medo do futuro, se estaremos trabalhando, se passaremos fome, de como o país sobreviverá economicamente pós Coronavírus. São muitos medos e ramificações. Eles são reais e na maioria das vezes ele é vivido corporalmente, como um aperto no peito ou alguma tensão muscular. Muitas vezes, não o percebemos mas esse medo se transforma em ansiedade, transtornos emocionais, crises de pânico e se não dermos atenção podemos desenvolver dermatites, alergias e até outras doenças, decorrentes de como estamos vivendo internamente nossas emoções.

Nesse momento, o convite é para que você perceba que não está sozinho, e que esse sentimento tem acompanhado a grande maioria das pessoas nesse momento.

A nossa dificuldade em lidar com o medo não é de hoje, é por isso que para a grande maioria das pessoas entrar em contato com o medo é ameaçador demais. Lidar com o medo está intimamente ligado com a nossa capacidade de aceitar todas as nossas partes, principalmente a nossa parte sombra.

Vivemos em uma sociedade que não nos ensinou a falhar, a errar e aceitar todo lado sombra que todos nós possuímos. Fomos condicionados a evitar a dor, o sofrimento e o medo, como bem descreveu em seu texto “Evitar Evitar”, o psicólogo mineiro Wolber de Alvarenga. Por essa e outras razões não fomos acostumados a chegar perto, acolher e suportar o medo.

Neste momento, se desloque um pouco para trás e se desidentificar com a ideia de que o medo te representa por inteiro. O medo na verdade representa uma parte em você, e não o todo. O medo fala através da sua mente que não foi programada a perder, que não sabe cuidar de você na dor. É muito comum escutar nesse momento frases como, “E agora, o que faço comigo! É desesperador pensar em ter que cuidar de mim no sofrimento” ou simplesmente “Eu não sei o que fazer em situações como essa”.

O primeiro passo para revertermos essa situação seria percebermos as nossas partes, isso é, o medo é uma delas. Essa postura nos trará um certo alívio físico, por sentir que algo que você tanto teme, tem agora outra dimensão, e se torna mais suportável. Passamos a ver o medo de uma forma mais real, e não superestimada.

Agora nos resta uma segunda tarefa difícil, mas de suma importância, acolher o medo. Sentir o medo, é tão necessário para que possamos entender que ele não vai crescer e tomar uma dimensão absurda, chegar perto do medo faz com que ele diminua, e não aumente! Gostaria nesse momento de lhe trazer uma analogia, imagine que você esteja colocando uma pedra, para cada sentimento que representa medo, dor angústia, sofrimento, dentro de um cesto de vime. Acolher o medo representa o reconhecimento das pedras e a capacidade de você sustentar o cesto, sinta o cesto e veja como você é capaz de segurá-lo, ele não é maior que você. Faça esse exercício quantas vezes sentir medo e imagine que você o está carregando. Explore o seu lado sensorial, tente perceber o peso do cesto, veja se o mesmo tem cheiro, esse cesto é trançado, ou liso? Todas essas perguntas o ajudarão a fazer essa analogia mais real.

Esse já será um grande passo para começar a admitir e acolher o seu lado sombra, com a ajuda de um especialista você poderá aprofundar em cada um deles e entender de onde eles surgiram, mas esse é um outro processo.

Você pode contar com o apoio da psicóloga, Izabela Gazzinelli, do programa Cuidado Completo da Pulsus. Você só precisa se cadastrar pelo Facebook.